O episódio de hoje do na fogueira estreia nosso espaço para conversas das margens contra o mainstream. A ideia é abordar temas como prostituição, tecnologias reprodutivas, transumanismo, ciranda woke, misoginia, a tal morte da esquerda e temas correlatos. Assuntos pouco abordados ou abordados de forma liberal e/ou publicitária, e quase nunca sob uma perspectiva feminista, pela mídia e pela esquerda moderada ou radical.
O papo está aberto, o que significa que você pode ouvir e compartilhar com quem quiser. No entanto, considere apoiar o lado b para que nossa roda não cesse de pautar temas políticos e culturais sem censura e seja capaz de alcançar cada vez mais gente. Quando você apoia financeiramente o lado b, você me permite continuar fazendo esse trabalho. Venha comigo manter a lenha na fogueira para que tenhamos mais conversas das margens contra o mainstream.
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A compra e a venda de mulheres por homens para o sexo é tão velha quanto a escravidão. Na verdade, escravidão, pobreza e prostituição estão intrinsecamente relacionadas desde as origens. As primeiras prostitutas eram escravas jovens, ocasionalmente alugadas por seus senhores para outros homens em troco de dinheiro. Não raro, essas escravas jovens se tornaram escravas por dívida (dos pais ou da família)1.
Desde o primeiro milênio antes de Cristo, muito mudou em aparência, mas pouco em estrutura. Enquanto os cafetões se sofisticaram, e agora se escondem dos holofotes e lucram cifras milionárias como “executivos de mídia e tecnologia”, a escravidão moderna e a pobreza seguem sendo as principais causas da prostituição. Essa, por sua vez, está diretamente relacionada à pornografia e ao tráfico humano. Mulheres traficadas são vendidas para sexo e agenciadas para a indústria pornográfica23.
O mito que existe alguma face do comércio sexual que é boa é apenas isso, um mito, propagado sobretudo por homens, sejam eles donos de bordéis, agenciadores e/ou traficantes de mulheres e meninas. Não muito diferente é o mito de que vender o corpo e fazer sexo com quem você não quer é um “trabalho como outro qualquer” — embora, é claro, nunca sejam os homens fazendo esse trabalho.
No entanto, demos um passo além na era da precarização neoliberal (ou ultraliberal), e se submeter aos desejos e fetiches sexuais masculinos, por mais degradantes que eles possam ser, para ganhar cerca de duzentos dólares por mês (mil reais num câmbio de 5 para 1) passou a ser chamado de empreendedorismo feminino e liberdade sexual. A mídia, por sua vez, faz o serviço de agência publicitária para atrair cada vez mais mulheres jovens para a prostituição e pornografia.
Mas não ouse falar sobre isso, pois você acabará na fogueira. Provavelmente será chamada de “conservadora de esquerda”, “mal comida”, “frigida”, “odiadora de prostitutas”. Pra que um pouco de história, feminismo e dados se é possível lançar um ad hominem sem ter que ser dar ao trabalho? Como aqui a gente não tem medo nem de fogueira, nem de ad hominem, Isabela e Letícia Graton colaram para mandar a braba: OnlyFans é um misto de pornografia digital com prostituição, o que invariavelmente significa tráfico humano e pedofilia, envolto em mitos forjados pelo Patriarcado 2.0 atraindo meninas jovens e incapazes de dimensionar as consequências de adentrar nessa indústria.
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Para saber mais sobre o tema, confira:
• O podcast O Pessoal é Político;
• O instagram Recuse a Clicar;
• O filme Eu sou todas as meninas;
• O papo da
• O recente episódio do podcast da FiLiA sobre comércio sexual [em EN]
• O Substack da [em EN].
Ver GRAEBER, David. Dívida: os primeiros 5.000 anos. São Paulo: Três Estrelas, 2016; LERNER, Gerda. A criação do patriarcado: história da dominação das mulheres pelos homens. São Paulo: Cultrix, 2019.dfdf
Ver European Parliament resolution of 14 September 2023 on the regulation of prostitution in the EU: its cross-border implications and impact on gender equality and women’s rights (2022/2139(INI)). Disponível em: https://www.europarl.europa.eu/doceo/document/TA-9-2023-0328_EN.html.
Existem algumas reportagens e pesquisas falando sobre OnlyFans e tráfico humano. Ver Expert Analysis of Open Source Material relating to Child Sexual Abuse Material and Sex Trafficking occurring on OnlyFans.com. Anti-Human Trafficking Intelligence Initiative in Consultation. Abril de 2022. Disponível em: https://followmoneyfightslavery.org/expert-analysis-ofbropen-source-material-relating-to-child-sexual-abuse-material-and-sex-trafficking-occurring-on-onlyfans-com/ [EN] e The Role of OnlyFans in Human Trafficking. The Exodus Road. 12 de fevereiro de 2024. Disponível em: https://theexodusroad.com/the-role-of-onlyfans-in-human-trafficking/.
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