feminismos fragmentados: sobre retomar a luta anti-patriarcal feminista
bônus track #37
Recentemente, me encaminharam a tradução que hoje compartilho aqui com vocês. Ela se relaciona com o texto Do Feminismo ao Transgenerismo, da feminista japonesa marxista Seiya Morita, bem como dialoga com o texto Sobre um feminismo de classe média, da Maria Mies. É um texto relativamente antigo, de 2014, mas compartilhar algumas elaborações feministas, antigas ou novas, sobre a tomada dos Estudos de Mulheres pelos Estudos de Gênero e a ascensão das teorias pós-modernas dentro do movimento feminista tem como intuito colaborar para a melhor compreensão da história do movimento de mulheres e do atual backlash anti-feminista (inclusive vindo do proletariado/da esquerda) que estamos enfrentando. Ao mesmo tempo, retomar os estudos de mulheres e a história do movimento feminista, ao meu ver, é uma rota necessária para tomar de volta o feminismo das mãos dos homens e dos interesses patriarcais capitalistas.
O texto foi primeiramente traduzido pela Furiosa para o Medium da QG Feminista. O texto em inglês, Fragmented Feminisms, de Susan Hawthorne, foi publicado originalmente em seu blog e na revista Labrys e pode ser acessado aqui.
O lado b une textos e reportagens autorais, bem como traduções e textos de autoras convidadas inéditos ou pouco conhecidos, continuando o meu esforço de quase uma década de compartilhar sobre teorias e práticas ecológicas e feministas. Se você gosta do que vê por aqui, considere apoiar o trabalho de uma jornalista e pesquisadora non grata. Saiba como apoiar o lado b clicando aqui.
Eu tenho arrepios quando vejo a palavra ‘feminismos’. Minha história enquanto feminista radical, poeta, teórica política, linguista e australiana provavelmente me predispõe a essa reação. Mas não é só um reflexo, é também um posicionamento político cuidadosamente pensado.
Meu reflexo contra o termo ‘feminismos’ se dá porque ele nasce do obscurantismo pós-moderno1. O pós-modernismo apareceu na cena feminista em torno dos anos 80. Dentro de dez anos, já tinha engolido o discurso acadêmico, não só nas teorias literária e filosófica mas também nos Estudos de Mulheres, que logo se tornariam Estudos de Gênero. A autora Somer Brodribb nomeia algumas características do pensamento pós-moderno2, dentre elas:
Relegitimação da dominação masculina e da indiferença
Niilismo e a centralidade do nada
Aniquilação como ordem das coisas
A mórbida ausência fálica de Lacan
A reificação da imaterialidade
Acrescente a estes pontos os textos de Foucault, Derrida, Lacan, Nietzsche, Freud e outros masculinistas — meu argumento é de que o feminismo não é central a essa filosofia. Mesmo que se adicione Cixous, Irigaray e Kristeva, a experiência da opressão feminina é jogada para escanteio, como uma insignificância.
O que é apresentado como feminismos ‘pós-modernos’ é uma distorção massiva do feminismo e da história do feminismo.
A maioria dos pós-modernos, incluindo uma ou duas gerações de feministas que passaram pelas universidades no momento da dominação pós-moderna, conhece pouco da história do feminismo porque ele se tornou o domínio dos dinossauros dos anos 70.
O que nós ouvimos é que a história do feminismo é plana, chata, branca e de classe média. Em um artigo que escrevi em 19943 sobre a história da Liberação Feminina em Melbourne (Women’s Liberation in Melbourne), Austrália, descobri que a primeira reunião feita em 1970 em Melbourne com tal propósito contou com cinco mulheres. Três eram descendentes de migrantes europeus (a massa de grupos migrantes na Austrália naquele momento era vinda de países do sul europeu); todas crescidas em áreas centrais urbanas da classe trabalhadora, e tanto elas quanto seus pais e mães trabalhavam em fábricas ou eram proletárias. A quarta mulher era uma inglesa da classe trabalhadora, e a quinta veio de um contexto de classe média. Todas tinham mais de 40 anos. Não apenas isso, mas grande parte das membras mais ativas e antigas eram aborígenes urbanas; uma era lésbica. As fundadoras do WLM não eram nem de longe a imagem estereotipada de mulher branca jovem de classe média. Melbourne não é uma exceção, mas eu sei mais detalhes dessa comunidade do que de outras.
Quando eu li Sisterhood is Powerful4 em 1973, o que me impressionou foi a incrível diversidade de vozes naquela antologia. Algumas eram jovens, bravas e brancas, outras não. Meu ponto é que o feminismo é acusado de ser singular e restrito quando está longe de ser isso. É difícil pontuar de onde essa ideia veio, mas eu tenho memórias vívidas de discussões em conferências na Austrália nos anos 80 em que eu ouvia tais comentários. Eu já rodei por aí o suficiente e me envolvi em atividades políticas culturais suficientemente diferentes nos últimos 40 anos para saber que essa acusação é mentirosa. Eu já trabalhei com feministas em Bangladesh e na Índia; trabalhei com mulheres aborígenes e com suas demandas; discuti políticas lésbicas com feministas lésbicas em Uganda; conheço mulheres em países ao redor do mundo que fizeram parte das lutas feministas em torno da violência, bem como da arte, da política e também adoram saber que o feminismo nunca foi estreito, embora parte da mídia e algumas feministas possam querer chamá-lo assim.
O feminismo e as feministas não são perfeitas. Mulheres negras ao redor do mundo estão frustradas e bravas por não serem ouvidas; com razão. Lésbicas estão cansadas de serem desprezadas quando a questão é abusos de direitos humanos porque a palavra ‘lésbica’ não ajuda a levantar recursos e apoio; com razão. Mulheres com deficiências estão exaustas de serem usadas como tokens, ou de serem aliciadas por aparências midiáticas e feitas exóticas; com razão. Nem toda mulher que se proclama feminista está necessariamente informada sobre as complexidades do feminismo. Mas, a partir de minha própria experiência, têm sido as feministas que levantaram questões de desigualdade, de opressão, de ódio, de destruição ambiental e de guerra muito antes de essas conversas se tornarem senso comum. Ignorar as ideias e escritos de mulheres racializadas, de mulheres indígenas, de mulheres da classe trabalhadora, de mulheres com deficiências e de mulheres lésbicas é um insulto. Ignorar nossas vozes é distorcer nossa história. Além do mais, o feminismo, por abraçar metade da população mundial, sempre foi pluralista; sempre houve discordâncias entre nós, mas isso não significa que não possamos trabalhar juntas.
Discordância, discussão é o que faz você pensar duas vezes. Significa que mais de uma mente está trabalhando; abre a possibilidade para várias mentes mastigarem o mesmo problema. Atualmente, ao invés de discutirmos, nos chamam de nomes e nos silenciam. Às vezes isso vem de alguém na plateia e na verdade está dizendo, “o que você disse me fez sentir insegura”. Andar na rua às vezes me faz sentir insegura, mas eu ainda o faço. Tais jogadas são feitas para interromper debates, provocam culpa, e são simplesmente maldosas. Muito frequentemente a pessoa que diz isso é um homem.
Os pós-modernos se engajaram na rotulação, incluindo de acusar feministas de serem ‘essencialistas’. De alguma forma começou a pegar mal que nós nos organizássemos em torno de nossa opressão como mulheres. Aquelas de nós que cresceram como meninas e mulheres compartilham experiências similares de opressão ao redor do mundo porque fomos estupradas, privadas de comida, brutalizadas, subremuneradas (ou sequer remuneradas). Fomos humilhadas e desumanizadas. Às vezes nossas crianças são roubadas de nós, frequentemente somos abandonadas para viver na pobreza tentando cuidar de familiares com quase nada. Apesar disso, vingança violenta contra homens é rara. Essas coisas acontecem conosco porque somos mulheres. O alcance da brutalidade aumenta se fizermos parte de um grupo desprezado: colonizadas, pretas, lésbicas, em situação de prostituição, deficientes, idosas, pobres, ou membras de uma classe ou casta que nos coloca na categoria mais baixa da sociedade. O que não é percebido é que o falo, o pensamento fálico e os textos masculinos são eles mesmos atos de essencialismo.
O que um pós-moderno quer dizer quando diz tais coisas? Se eu me organizo em torno da minha experiência com epilepsia, que é um evento corporal, eu estarei sendo essencialista, ou estarei usando minha experiência como uma forma de falar da discriminação baseada em percepções que outras pessoas têm do corpo epiléptico? Como isso é diferente da discriminação baseada em percepções que outras pessoas têm do corpo feminino?
Outro motivo pelo qual ‘feminismos’ me choca é porque deixa tão claro que estamos implorando para sermos aceitas. O feminismo é uma ideia radical. Sugere que os cerca de seis mil anos de patriarcado devem ser desmantelados5. Desafia não só as estruturas do patriarcado mas também do capitalismo e da colonização. Essas são nossas atuais instituições de poder sustentadas pela circulação monetária internacional, por acordos de livre mercado junto à Organização Mundial do Comércio, pelo FMI, pelo Banco Mundial e pelo Consenso de Washington6. Fora dessas instituições formais estão grupos igualmente poderosos como a indústria do sexo, a indústria farmacêutica, a indústria alimentícia, a indústria de commodities (petróleo, carvão, metais raros e preciosos) e o tráfico internacional de armas, drogas e corpos de mulheres.
O que você não ouve nas discussões de poder entre os poderosos são noções de capitalismos. Não, eles são unidos e esclarecidos sobre como explorarão e lucrarão em cima de pessoas comuns.
Se uma pessoa pára para observar as lutas de diferentes grupos de pessoas, percebe-se que, politicamente, as coisas começam a ruir quando o movimento se fragmenta. Marx e Engels no Manifesto Comunista7 terminam dizendo, “homens trabalhadores de todas as nações, unam-se” (limitando seu chamado por unidade a homens eles cometeram um erro e essa é uma das razões de o comunismo ter falhado com as mulheres). Apesar de minhas ressalvas, isso permanece uma declaração política importante; um grito por unidade. Luta política é sobre unir-se ao redor de uma causa em comum. Uma vez que os comunistas começaram a se fragmentar, praticamente acabou. Quando feministas pós-modernas falam em ‘feminismos’, praticamente acabou.
Por que eu sou tão contra a teoria pós-moderna? Porque matou a determinação política do Movimento de Libertação de Mulheres8. Alguns exemplos:
Justo quando os escritos de mulheres e a literatura feminista estavam em ascensão, quando editoras e livrarias feministas estavam prosperando, nos dizem “a autora está morta”. A autora então ficava relegada a uma posição secundária e incapaz de falar sobre seu trabalho. Como autora, eu posso e eu falo sobre meu próprio trabalho. Outras pessoas trarão suas próprias ideias e interpretações, mas como escritora consciente de minhas próprias estratégias literárias, eu com certeza não estou morta (ainda não).
No momento em que as mulheres estavam descobrindo que o patriarcado não era nem inevitável nem universal, os pós-modernos acusaram tal pesquisa de ser ‘essencialista’. Isso teve imensos efeitos nas pesquisas arqueológicas. Sempre que grandes números de figuras femininas são desenterradas, falar de similaridades através do tempo e das culturas é taxado pejorativamente de ‘essencialista’. Eu vi um exemplo disso recentemente em Malta, onde arqueólogos compararam o que chamaram de ‘figuras corpulentas’ a homens lutadores de Sumô. Se você olhar para os corpos, os formatos estão todos errados. Os corpos de homens e de mulheres depositam gordura em diferentes partes do corpo e não se parecem. Apesar dessas diferenças observáveis, apontar isso é pedir para ser chamada de ‘essencialista’. Essas disputas entre arqueólogos não fazem a disciplina avançar, e algumas são até intelectualmente destrutivas, emburrecedoras.
Quando feministas estavam se encontrando em conferências internacionais, comparando as diferentes experiências entre culturas, aprendendo umas com as outras, conversando entre fronteiras e culturas, ouvimos que ‘você não pode falar por outra pessoa se não é seu lugar de fala’. Isso apagou a chama de diversas mulheres engajadas em ativismo político porque elas podiam acidentalmente fazer uma declaração genérica sobre as experiências de mulheres e serem vaiadas pelo pequeno número de vozes academicamente articuladas que assumiam a posição contraditória de que não pode haver posição nenhuma. Politicamente, isso é um tiro no pé. A noção de coletividade, que era tão cara ao Movimento de Libertação das Mulheres, foi jogada pela janela e substituída pelo individualismo libertário e pelo que Renate Klein chamou de “armadilha da escolha”9. Uma escolha é a habilidade de decidir entre duas coisas razoavelmente semelhantes, por exemplo entre um bolo de chocolate ou um cheesecake. A assim chamada ‘escolha’ entre, digamos, viver na pobreza ou se prostituir não é uma escolha, é uma decisão difícil que se deseja que mulher nenhuma tenha que fazer.
Feministas criticaram a instituição do estupro, as indústrias da pornografia e da prostituição, e logo viram uma aliança entre a indústria do sexo, setores significativos do movimento de liberação gay e aquelas pessoas que queriam definir a prostituição como um trabalho e uma escolha10. Estranhamente, quando a CIA enviou agentes disfarçados para ver o que os movimentos de libertação e de direitos civis estavam fazendo, nós os chamamos de “inimigos infiltrados”. Mas quando a indústria do sexo infiltrou pessoas em grupos de liberação gay, queer, LGBT e feministas para minar nossas lutas, isso foi chamado de ‘agência’, ‘escolha’, até ‘libertação’.11
Feministas analisaram estruturas de linguagem, mas logo ouviram as não-palavras que seriam aplicadas ao feminismo para desviar os ventos radicais de nossas velas. Começamos a ouvir a palavra ‘gênero’. Feministas não lutam por gênero; nós estamos lutando justamente para nos livrarmos do gênero. Existem apenas dois gêneros, o masculino e o feminino, e eles representam os piores aspectos da estereotipação social aplicada a homens e a mulheres. Logo a palavra “estupro” foi cortada e substituída por ‘violência de gênero’. Você não pode descer a rua gritando um slogan com uma não-palavra de três palavras. Disseram que homens que eram estuprados eram excluídos se falássemos em ‘estupro’. Nem tanto; homens também podem ser estuprados, eles simplesmente não queriam a palavra aplicada a eles (é uma palavra de mulher). ‘Gênero’ deixou os Estudos de Mulheres confortáveis para homens. Mas homens sabem que ‘gênero’ não se aplica a eles. Pergunte para qualquer homem o significado de gênero, e eles provavelmente dirão que tem algo a ver com mulheres. ‘Gênero’ significou que homens puderam invadir organizações de mulheres; ‘gênero’ é uma forma de confundir debates políticos porque, afinal, existem muitos feminismos então você não pode me excluir! Quem é você, sua feminista dinossauro, para dizer o que eu posso ou não fazer? É, novamente, uma resposta libertária individualizada.12
O uso da palavra ‘queer’ teve o mesmo efeito no movimento lésbico. Apagou lésbicas. Lésbicas, a espinha dorsal do MLM, não eram mais bem-vindas, a não ser que estivessem preparadas para serem subordinadas à sigla GLS — depois LGB, depois LGBT, depois LGBTI, depois LGBTIQ, GLBT, etc; onde isso vai parar? Tal sopa de letrinhas não é útil ao avanço da causa feminista. Em algumas partes do movimento LGBTIQ ser heterossexual é colocado como radical! E agora todo mundo quer se casar! Eu não me juntei ao MLM para lutar pelo casamento — e muitas mulheres heterossexuais também não — ; ao invés disso, lutávamos para eliminar a instituição do casamento, assim como estávamos tentando viver em um mundo livre de gênero.
Muitas outras ideias ridículas foram levadas adiante no nome dos feminismos. Margot Weiss, por exemplo, escreve sobre o que ela chama de “aulas de BDSM consensual” e ela se refere a isso como “peça”. Ela escreve:
Minha cópia do boletim informativo mensal de uma organização de São Francisco incluía a descrição de uma cena, uma descrição escrita de uma encenação de BDSM consensual. A cena se passava em uma masmorra em março de 2004 em São Francisco. Era uma cena de interrogação, envolvendo um coronel, um capitão, um general, e uma espiã. A espiã estava encapuzada, presa com fita a uma cadeira, e era estapeada no rosto. Conforme resistia, era ameaçada com violência física e sexual, despida, cortada com cacos de vidro, vaginalmente penetrada com um martelo revestido de camisinha, forçada a tomar água, eletrocutada, e penetrada no ânus com uma lanterna. A cena acabou quando a espiã gritou o código de segurança, que finalizava a cena: ‘Porra de Rumsfeld!’”.13
Weiss foi em frente: “a representação fotográfica em Abu Ghraib (…) efetivamente transforma uma tortura política real em uma fantasia sexual segura.” (Weiss, 2009, p. 181). Ela não para um segundo para se perguntar — fantasia de quem, e dor de quem? A tortura real em Abu Ghraib é real para os prisioneiros, e assim como as mulheres abusadas na pornografia ela se torna uma fantasia para alguém que assiste de fora. E para lésbicas e mulheres heterossexuais que foram estupradas e torturadas, o que isso quer dizer?
A questão sobre a tortura é que você não sabe se vai estar viva no fim do dia. Você não sabe quando vai acabar. É mais do que ‘impotência’; é subjugação, degradação, abandono, e desumanização.
As ‘aulas de BDSM consensual’ são defendidas no limite em que são performativas. Performatividade veio direto da teoria pós-moderna. A aceitação acadêmica da tortura enquanto um jogo se apropria de pessoas vivendo sob regimes totalitários que não têm o luxo de dizer “não”, ou “Rumsfeld”, para fazer uma paródia. Esquece totalmente a história da intersecção da colonização das mulheres e a colonização dos ‘outros’.
A ideia de vários feminismos tem sido usada para destruir o feminismo e em particular para destruir o feminismo radical. Para resumir:
Uma feminista reconhece que mulheres, enquanto classe, são oprimidas, e em seguida faz algo para mudar isso.
Um/a ativista antirracista da mesma forma reconhece que mulheres e homens racializadas e racializados são oprimidas e oprimidos, e em seguida faz algo para mudar isso.
Ao mesmo tempo em que estamos todas sujeitas a uma multiplicidade de forças sociais, políticas e econômicas, para combater isso precisamos de unidade. Opressão é uma força singular — pode vir de várias direções simultaneamente — mas a luta contra ela deve ser uma ideia unificada, uma que permita que mulheres (no caso do feminismo) se juntem e lutem contra as forças que as (nos) oprimem.
O feminismo não é restritivo. Representar 52% da população não é nem de longe restritivo. Porque o feminismo representa, sim, todas as mulheres mesmo que nem todas queiram ser representadas.
O que eu quero? Eu quero um fim para esse recipiente oco chamado ‘feminismos’. Eu quero um feminismo multifacetado e ainda assim unido. Eu quero poesia e música e arte assim como política e ação coletiva. Eu quero que tentemos viver de forma diferente, viver de forma que não apoiemos as estruturas globais de poder que são montadas para nos dividir. Eu quero a chance de sentar e conversar, sem que gritem comigo e sem ser acusada de ser fóbica a isso ou a aquilo. Essas práticas não nos levam a lugar algum.
Vamos criar paixão, imaginação, epifanias — e até discordâncias — feministas reais. Mas reconheçamos que estamos todas do mesmo lado, não espalhadas em diferenças fragmentadas que significam que não podemos mais falar entre nós e por nós.
A melhor crítica feminista que eu já li — Brodribb, Somer. 1992. Nothing mat(t)ers: a feminist critique of postmodernism. Melbourne: Spinifex Press. Alguns anos depois, várias das autoras e autores do seguinte livro fizeram coro à crítica de Brodribb: Bell, Diane e Klein, Renate (eds). 1996. Radically speaking: feminism reclaimed. Melbourne: Spinifex Press.
Essa lista é retirada do prefácio do livro de Brodribb.
Hawthorne, Susan. 1994. ‘A History of the Contemporary Women’s Movement’. In Hawthorne, Susan and Renate Klein (eds)Australia for Women: Travel and Culture. Melbourne: Spinifex Press. pp. 92–7.
Morgan, Robin (ed.). 1970. Sisterhood is Powerful: An Anthology of Writings from the Women’s Liberation Movement. New York: Vintage.
Foster, Judy with Marlene Derlet. 2013. Invisible Women of Prehistory: Three Million Years of Peace, Six Thousand Years of War. Melbourne: Spinifex Press.
Hawthorne, Susan. 2002. Wild Politics: Feminism, Globalisation and Bio/diversity. Melbourne: Spinifex Press.
Marx, Karl and Friedrich Engels. 1848/1967. The Communist Manifestowith an Introduction by AJP Taylor. Penguin Books, Harmondsworth. p. 78. (capitals in original)
Para mais, ler: Brodribb, Somer. 1992. Nothing Mat(t)ers: A Feminist Critique of Postmodernism. Melbourne: Spinifex Press. See also, Bell, Diane and Renate Klein (eds.) 1996. Radically Speaking: Feminism Reclaimed. Melbourne: Spinifex Press.
Klein, Renate. 2006. Pers comm.
Raymond, Janice. 2013. Not a Choice, Not a Job: Exposing the Myths about Prostitution and the Global Sex Trade. Melbourne: Spinifex Press.
Este livro mais recente confirma essa visão: Chateauvert, Melinda. 2014. Sex Workers Unite: A History of the Movement from Stonewall to Slutwalk. Boston: Beacon Press.
Hawthorne, Susan. 2004. ‘The Political Uses of Obscurantism: Gender Mainstreaming and Intersectionality.’ Development Bulletin. №89. pp. 87–91. Disponível em meu blog (em inglês): http://www.susanspoliticalblog.blogspot.com.au/2009/10/gender-mainstreaming.html
Ver Weiss, Margot (2009) ‘Rumsfeld!: Consensual BDSM and “Sadomasochistic” Torture and Abu Ghraib’ in Ellen Lewin and William L. Leap (Eds) Out in Public: Reinventing Lesbian/Gay Anthropology in a Globalizing World. Wiley-Blackwell, Chichester, West Sussex, pp. 180–201. O artigo de Weiss é baseado em uma conferência (2005) que eu a ouvi apresentar na Transpositions Conference na Purdue University, USA. Eu critiquei seu argumento baseando-me em anotações no seguinte texto: Hawthorne, Susan. 2010. ‘Free to Lynch, Exploit, Rape and Torture: Capital and the crimes of pornographers.’ Big Porn Inc edited by Melinda Tankard Reist and Abigail Bray. Melbourne: Spinifex Press.