Big Pharma, Big Money 🤑
vídeo entrevista com Jennifer Bilek e outras dicas de leitura da semana
Estava me programando para enviar uma vídeo tradução de uma entrevista com a Jennifer Bilek na sexta-feira (7), mas uma gigantesca torcicolo - que perdura até hoje, embora de forma menos intensa - acabou me deixando impossibilitada de finalizar os trabalhos. De qualquer forma, duas coisas aconteceram nesse interim.
Primeiro, encontrei outra entrevista com a Jennifer Bilek (vídeo abaixo), já traduzida, de mesmo teor e ligeiramente mais curta na biblioteca da Correnteza Feminista. Depois, recebi a transcrição da entrevista da Bilek que eu estava traduzindo por meio da newsletter da Kara Dansky. Decidi então compartilhar a tradução da transcrição em texto com links, referências e fontes para as afirmações da Bilek. Como ainda estou finalizando essa parte de inserção das fontes, fiquem com o vídeo entrevista abaixo (e também aproveito para indicar os outros vídeos do mesmo canal que abordam o tema sobre outros ângulos e com diferentes convidadas).
money talk, bullshit walks
Enquanto trabalhando no material da Bilek, a notícia do útero artificial estampou a capa da Superinteressante de março assim como foi tema da Wired. Na linha fina da reportagem da Wired lemos: “A ectogênese - gestação usando um útero artificial - está se aproximando rapidamente da realidade. No entanto, sem legislação, essa inovação também tem o potencial de causar danos”. É curioso como a fé na tecnologia vem sempre lambuzada na (falsa) fé no direito liberal. Para quem bem sabe como direito nasceu com a caça as bruxas, bem, há pouca fé a ser depositada na lei e em seus magistrados em se tratando de proteger mulheres1.
Lembremos que Big Pharma - aqui aliada com a Big Tech - nunca perde. Primeiro você esteriliza uma geração de meninas com bloqueadores de puberdade, hormônios do sexo oposto e cirurgias de resignação de genitália. Depois, você oferece serviços de reprodução in vitro, úteros artificiais e uma série de serviços reprodutivos. No processo, você mata as mães, afinal vivemos numa sociedade que absolutamente detesta mães e não faz muito para esconder2.
Tenho que admitir que fico cada vez mais supreendida com o nível de envolvimento das ONGs em empurrar agendas políticas legislação abaixo, sem diálogo com a sociedade, normalmente por meio do judiciário. No Reino Unido, novas medidas para ampliar a barriga de aluguel estão sendo tomadas apesar de diversos grupos de mulheres serem contra a barriga de aluguel de forma geral. É possível ler mais no texto da
abaixo.Falando em ONGs e nichos lucrativos, o Ministério de Direitos Humanos sob o comando de Silvio Almeida começou uma parceria com um chamado Instituto Ssex Bbox e o que parece ser sua contraparte, a firma de consultoria Diversity Bbox, para “letramento em linguagem neutra e inclusiva”. Vou segurar meus comentários sobre como essa linguagem nem é neutra nem é inclusiva, e focar no fato de que não há muitas informações sobre nenhuma das duas organizações disponíveis como, por exemplo, quem são os financiadores do tal Instituto bem como uma trajetória de ações relevantes. Na verdade, o que me pareceu mais notável é o nível argumentativo da postagem que noticia a parceria com o Ministério, mal escrito, sem fontes, sem referências, a-histórico e com uma série de conceitos lançados ao vento (somado a conceitos inexistentes) para parecer discurso acadêmico embasado. Eu destaco um trecho:
Vale recordar que antes do país ser colonizado pelos portugueses, a identidade de gênero para pessoas indígenas era não era apenas binária. Com a colonização, o Brasil foi tomado por uma liderança cisheteropatriacal, com um sistema sociopolítico onde homem, hétero e cisgênero tem supremacia e hegemonia sobre outros gêneros, e outras orientações afetivo-sexuais (destaque do autor).
Saudosos os tempos quando eu pensava que estaríamos livres do negacionismo e da estupidez mais absurda tomando conta do governo quando nos víssemos livres de Bolsonaro. De fato, parafraseando um pesquisador climático, vivemos um “apocalipse permanente” onde não deixar seu cérebro derreter parece ter se tornado a mais árdua das tarefas.
Até a próxima,
Marina Colerato
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Ver FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa. São Paulo: Elefante (2017).
Ver também o trabalho da psicóloga canadense Paula Caplan sobre o desprezo e a culpa direcionada à classe materna.
Encaminhado!