Querida Marina, es necesario traducir este excelente texto al castellano y hacerlo llegar a más mujeres. Yo no hablo portugués pero entiendo cuando leo. Puedo ayudar.
A coragem de falar o que realmente entala a garganta da mulher. Me questiono internamente se avançamos o suficiente no território de ser mulher para apagarmos ou misturarmos nosso lugar no mundo... penso que não.
Oi, Marina! Desde os meus primeiros contatos com o conceito de gênero e introdução aos estudos de gênero pioneiros de mulheres, especialmente as antropólogas, entendo este como uma imposição/opressão ao corpo sexuado, de modo que não se trata de uma "identidade" ou "escolha", mas daquela camada cultural/social construída a partir de uma materialidade dada e que envolve uma relação de poder e violência. Ok, entendido dessa forma, nunca consegui assimilar os escritos de Butler e outros teóricos que tratam o gênero como uma identidade, performance e etc, mas por ver que esse tipo de literatura é o que domina os centros de pesquisa em CHS, acabei não me dedicando mais a leituras que tratassem sobre o tema, por não encontrar entre os pares sugestões, textos, livros, artigos que fossem contrários a essa visão do gênero como identidade. Me formei em História há alguns anos, pesquisei questões da história política - lembro que no meu ano de tcc, eu fui uma das poucas mulheres - e acho que a única mulher lésbica - que não pesquisou temas relacionados aos "estudos de gênero" -, mas sinto que acabei me afastando tanto tempo dos estudos e das leituras sobre esses temas - ao ponto de até questionar se eu realmente ainda me identificava com o feminismo - em virtude dessa falta de contraponto que existe hoje nas pesquisas de sexo, gênero e sexualidade nas universidades do Brasil e, pelo visto, mundo afora, e dessa apropriação do feminismo por outros grupos. Inclusive, muito próximo do meu ano de formatura, um ou dois anos antes, lembro de uma colega de curso que fez um tcc sobre "pós-pornografia" com direito a performance utilizando sangue menstrual na defesa e como isso me chocou, mas não consegui externalizar aquilo entre os e as demais colegas porque todo mundo achou lindo. Esse pessoal pode achar que é porque sou conservadora, porque sou moralista, porque sou sei lá o que quiserem pensar, mas agora, mais segura após ler tanto do seu trabalho e das demais referências que vc traz somado a um amadurecimento meu e também das minhas ideias e visões de mundo - faz 6 anos que me formei, na época eu era apenas uma jovem entrando na vida adulta com seus 22 anos e sem saber formular exatamente como eu pensava essas questões -, sei que minha posição em relação a esse tipo de abordagem não tem nada a ver com isso, mas sim porque enxergo nessa concepção teórica - se é que podemos falar assim - a manutenção da objetificação das mulheres, dos estereótipos e papéis de gênero e da normalização de coisas absurdas, que chegam até a doer o estômago quando a gente lê tudo o que está envolvido na agenda queer. De fato, quando lembro daquelas experiências lá da graduação e de ver que uma colega defende que "pós-pornografia", "pornoterrorismo" e todas essas bizarrices são formas de transgredir e romper com as violências de gênero, é porque chegamos num período de estupidez generalizada e quem apontar isso ainda será chamado de transfóbico pra baixo. Enfim, já comentei em outra oportunidade, mas acho teu trabalho incrível e é incrível encontrar pessoas que ainda pensam e ajudam os outros a pensar. Agradeço demais pela oportunidade de voltar a pensar sobre esses temas e por saber que não estamos sozinhas.
Querida Marina, es necesario traducir este excelente texto al castellano y hacerlo llegar a más mujeres. Yo no hablo portugués pero entiendo cuando leo. Puedo ayudar.
Olá Geraldine! Eu posso fazer uma tradução e enviar para você corrigir os erros e publicamos, o que acha? Pode ser que funcione!
Sí! Hagamos eso. Mi email es geraldine.mac@gmail.com 💪🏻⚡️
Como sempre muito lúcida! Obrigada
A coragem de falar o que realmente entala a garganta da mulher. Me questiono internamente se avançamos o suficiente no território de ser mulher para apagarmos ou misturarmos nosso lugar no mundo... penso que não.
Oi, Marina! Desde os meus primeiros contatos com o conceito de gênero e introdução aos estudos de gênero pioneiros de mulheres, especialmente as antropólogas, entendo este como uma imposição/opressão ao corpo sexuado, de modo que não se trata de uma "identidade" ou "escolha", mas daquela camada cultural/social construída a partir de uma materialidade dada e que envolve uma relação de poder e violência. Ok, entendido dessa forma, nunca consegui assimilar os escritos de Butler e outros teóricos que tratam o gênero como uma identidade, performance e etc, mas por ver que esse tipo de literatura é o que domina os centros de pesquisa em CHS, acabei não me dedicando mais a leituras que tratassem sobre o tema, por não encontrar entre os pares sugestões, textos, livros, artigos que fossem contrários a essa visão do gênero como identidade. Me formei em História há alguns anos, pesquisei questões da história política - lembro que no meu ano de tcc, eu fui uma das poucas mulheres - e acho que a única mulher lésbica - que não pesquisou temas relacionados aos "estudos de gênero" -, mas sinto que acabei me afastando tanto tempo dos estudos e das leituras sobre esses temas - ao ponto de até questionar se eu realmente ainda me identificava com o feminismo - em virtude dessa falta de contraponto que existe hoje nas pesquisas de sexo, gênero e sexualidade nas universidades do Brasil e, pelo visto, mundo afora, e dessa apropriação do feminismo por outros grupos. Inclusive, muito próximo do meu ano de formatura, um ou dois anos antes, lembro de uma colega de curso que fez um tcc sobre "pós-pornografia" com direito a performance utilizando sangue menstrual na defesa e como isso me chocou, mas não consegui externalizar aquilo entre os e as demais colegas porque todo mundo achou lindo. Esse pessoal pode achar que é porque sou conservadora, porque sou moralista, porque sou sei lá o que quiserem pensar, mas agora, mais segura após ler tanto do seu trabalho e das demais referências que vc traz somado a um amadurecimento meu e também das minhas ideias e visões de mundo - faz 6 anos que me formei, na época eu era apenas uma jovem entrando na vida adulta com seus 22 anos e sem saber formular exatamente como eu pensava essas questões -, sei que minha posição em relação a esse tipo de abordagem não tem nada a ver com isso, mas sim porque enxergo nessa concepção teórica - se é que podemos falar assim - a manutenção da objetificação das mulheres, dos estereótipos e papéis de gênero e da normalização de coisas absurdas, que chegam até a doer o estômago quando a gente lê tudo o que está envolvido na agenda queer. De fato, quando lembro daquelas experiências lá da graduação e de ver que uma colega defende que "pós-pornografia", "pornoterrorismo" e todas essas bizarrices são formas de transgredir e romper com as violências de gênero, é porque chegamos num período de estupidez generalizada e quem apontar isso ainda será chamado de transfóbico pra baixo. Enfim, já comentei em outra oportunidade, mas acho teu trabalho incrível e é incrível encontrar pessoas que ainda pensam e ajudam os outros a pensar. Agradeço demais pela oportunidade de voltar a pensar sobre esses temas e por saber que não estamos sozinhas.