Queridas e queridos leitores,
Estamos chegando nas nossas últimas tracks de 2024… e como este ano foi longo! Não só longo, como difícil. Para mim, esse foi um dos anos mais desafiadores dos últimos 10 anos em termos de sustentabilidade financeira e perspectivas de longo prazo. Foi difícil superar a apatia de se perceber presa no tempo-histórico da decadência neoliberal. Se eu tivesse que resumir em um frase, tanto no sentido pessoal quanto político, 2024 foi sobre como reimaginar e reinventar a vida após o fim de um sonho. Somado a isso, alguns acontecimentos envolvendo familiares próximos e amigas tornaram um ano difícil ainda mais difícil. Por aqui, foram mais dias de luta do que dias de glória.
Eu estive cansada e sem motivação durante a maior parte do tempo, constantemente preocupada em como colocar comida na mesa e nas vasilhas dos bichos. Não há nada mais desgastante do que viver nos limiares da geladeira vazia e da conta zerada, especialmente quando outros dependem de você. Este ano foi um daqueles anos repletos de momentos nos quais a gente tem certeza de que só não tem fé quem nunca precisou de um milagre. Quando repasso 2024, não sei dizer como conseguimos chegar até aqui.
Em julho, a Deusa Mãe finalmente alinhou alguns ponteiros na minha vida, o que me possibilitou vislumbrar a criação de uma editora de livros e outras formas de conteúdo multimídia. Um projeto de longo prazo com o qual estou bastante entusiasmada. No entanto, a realidade material imediata não seria transformada. Pelo contrário, eu precisava de recursos para tirar a ideia do papel.
O alinhamento chegou à perfeição e, em outubro, finalmente consegui uma posição interessante de meio período que me ajudaria colocar comida na mesa, correr atrás de alguns prejuízos e ter tempo para trabalhar nas minhas coisas [a Ginna, o podcast Feminismo é luta de classes!, o lado b, o Papo de Fera, o Modefica 2.0] e na articulação feminista. Na reta final de 2024, a Emma — onde cuido das relações institucionais e desenvolvo estratégias de comunicação — também começou a tomar nova forma e ter novos clientes.
Mesmo em meio a um cenário com pouco espaço mental para ser criativa, menos ainda para fazer pesquisa que não me traria nenhum retorno imediato, algumas coisas legais aconteceram:
Saiu da cabeça e foi para o papel a primeira versão de um artigo sobre jornalismo e filantropia, e eu compartilhei parte dessa pesquisa em andamento com vocês aqui;
Minha resenha do livro Material Girls: Por que a realidade importa para o feminismo, da Kathleen Stock, foi publicada no periódico da UFPB, Problemata, e no site do Le Monde Diplomatique Brasil;
Rolou uma entrevista com a Stock e foi uma das tracks mais acessadas do ano!;
Falando em tracks, foram 60 tracks (contando originais, traduções e na fogueira) em 2024 para vocês, sem contar os episódios do Papo de Fera;
Mais de oitenta mil pessoas acessaram os textos, vídeos e podcasts publicados no lado b 🙀;
A primeira ação da União Ecofeminista saiu do papel;
Pude estar no encontrão da MATRIA que rolou em São Paulo e conhecer pessoalmente várias mulheres, inclusive a
!;Fui chamada para dar uma mini-formação sobre ecofeminismo para uma vereadora feminista e parte da sua equipe (encontrando um respiro de sanidade feminista na esquerda);
E também para apresentar Rojava e bater um papo com uma turma da UFF sobre a Revolução das Mulheres no Curdistão;
Falando em Rojava, teve cobertura sobre a incisiva turca no início de 2024 publicada no Le Monde Diplomatique;
Junto com uma amiga, fomos selecionadas para apresentar nossa pesquisa em andamento sobre autonomia das mulheres e agroecologia na 10th International Degrowth Conference and 15 Conference of the European Society for Ecological Economics;
Tive a possibilidade de falar sobre a importância de espaços separados por sexo em uma audiência pública na Camara dos Deputados em Brasília;
Rolou a primeira parte das entregas do financiamento coletivo Feminismo é luta de classes! 😮💨;
A Ginna nasceu e com ela a primeira obra da Sheila Jeffreys publicada no Brasil - e temos outros 4 títulos já confirmados para 2025;
Um monte de gente nova descobriu o lado b e meu trabalho, enquanto várias galeras das antigas continuaram comigo mais um ano!
Eu gosto de olhar para trás e relembrar que muitas coisas aconteceram - às vezes nossa memória nos atropela e esquecemos quanto esforço e trabalho foram despendidos ao longo de um ano e só lembramos do que não conseguimos fazer ou entregar. Mas mesmo em meio a muitos desafios e incertezas, a vida vai dando seu jeito de acontecer. E eu agradeço cada um de vocês que esteve comigo nessa jornada mucho loka que foi 2024, especialmente quem apoiou o lado b e o Feminismo é luta de classes!, me ajudando muito a me manter comprometida com a disseminação da minha própria pesquisa. Inclusive, apoiadores do FLC, teve email especial com explicações e updates para vocês aqui.
Para quem não viu a retrospectiva das tracks mais acessadas de 2024 e para quem perdeu alguma delas, aqui está nosso top 10:
No Papo de Fera, nosso pódio foi:
E tivemos música, claro! As três playlists mais curtidas no meu Spotify:
→ Para a festinha indie, tranquilindie;
→ Para a festinha punk rock, punk rock party;
→ Para o fim da festa, unppluged;
→ Para todas as playlists e as mais tocadas do mês, o perfil completo.
Em 2025 tem mais!
Com os melhores desejos,
Marina Colerato
Foram muitas conquistas, parabéns! Ano que vem vai ser a consolidação disso tudo.