leituras latinas, uma vida em um campo de refugiados, paixão e fúria adolescentes e as narrativas-espantalho
📌 painel de refs [julho]
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leituras latinas
e as ciladas do patriarcado
A primeira vez que li algo da Julieta Paredes foi em uma coletânea de textos feministas que, no geral, não indico. Inclusive, o texto de Julieta para essa coletânea, em comparação ao seu texto para o livro que eu vou indicar hoje, é completamente “morno”, quase desinteressante. Mas em Las trampas do patriarcado (“As armadilhas do patriarcado”, em tradução livre), parece que Paredes teve mais liberdade para articular suas ideias e experiências no feminismo autônomo boliviano.
O texto está na publicação Pensando los feminismos en Bolivia, de 2012 que conta com textos de mais 15 autoras latino-americanas e mexicanas, incluindo a socióloga argentina María Lugones. O texto de Paredes (p. 89-112) está na sessão do feminismo autônomo e é uma crítica direta à desmobilização feminista por meio da chamada “agenda de gênero”, levada à cabo por ONGs, governos e agências como ONU e Banco Mundial.
Em uma entrevista n’A Pública, de 2020, quando Paredes passou no Brasil para divulgar seu novo livro, quando questionada sobre o que significa “gênero” para o feminismo comunitário, Paredes respondeu:
O gênero são os condicionamentos, as prisões que esse sistema patriarcal impõe sobre os corpos da humanidade. Na humanidade, nós entendemos que há três corpos, não gêneros: mulheres, homens e pessoas intersexuais. Não lutamos para afirmar o gênero de ninguém. Queremos abolir o gênero, assim como também queremos abolir as classes sociais. Nós não lutamos por mais burgueses, não lutamos para que todos sejam proletários. Da mesma maneira, não lutamos para que todos sejam masculinos ou todos sejam femininos. Nós queremos que os gêneros desapareçam para que os corpos possam emergir em liberdade. Para que você seja como quer ser, vista-se como quiser, seja chamado como quiser.
Também aberto e de fácil acesso está a publicação da feminista chilena Victoria Aldunate Morales, Cuerpo de Mujer, Riesgo de Muerte: violencia estructural y las trampas del género, de 2012. O livro é dividido em três partes. A primeira, dedicada a histórias de feminicídio. A segunda, a autora aborda o tema da violência, o conceito de feminicídio e as mudanças para que as coisas continuem como estão. Na terceira parte, ela faz uma análise e crítica ao que ela chama de “generismo”.
Eu fui me deparando com essas leituras a partir do texto da lesbofeminista mexicana Luisa Velázquez Herrera, Pistas para montar uma parte do quebra-cabeça, onde Herrera faz uma breve genealogia da despolitização do feminismo a partir da agenda de “gênero” sob uma perspectiva do feminismo autônomo e do Sul global. O texto foi traduzido pela Correnteza Feminista e está disponível - com uma breve e ótima introdução - aqui. É uma leitura rápida, que ajuda a entender parte das minhas críticas ao “generismo”.
Por fim, indico conhecerem a campanha produzida pelas feministas espanholas, cujo vídeo foi traduzido pelo coletivo Raízes Feministas, “Feministas não votam em traidores”, na qual as mulheres da esquerda se organizam em uma campanha de voto nulo por se negarem a eleger partidos e políticos com discursos e práticas fundamentalmente anti-mulheres e crianças. Referência para nós, feministas brasileiras, nas eleições de 2024.
filme
de Abya Yala ao Oriente Médio
Quando era criança, lembro de pensar muito sobre a sorte ou azar de nascer em determinado lugar, contexto, família. E eu ainda penso. Sempre há uma notícia, um caso, uma cena na rua, um documentário, um filme, uma música que me faz imaginar como é habitar outras peles (e como esse mundo é insano). O filme
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