Talvez seja a pandemia, mas se manter ocupada tem sido a rota de sobrevivência para garantir um pouco de estabilidade mental durante o isolamento social na cidade. Ainda sim, há momentos de relapso onde a concentração parece ser só uma fotografia bem desgastada.
Entre esse vai e vem sem grandes gozos, surgem boas referências, pelo menos. Como as postagens nos stories do instagram acabam se perdendo e os destaques começam a ficar infinitos demais, fez sentido juntar tudo num painel de refs. Por hora, vou me abster de assumir um compromisso com periodicidade e formato; como de costume, fazemos o possível. Então você já sabe que:
•Track: os textos que vocês já estão acostumadas;
•Bônus Track: textos de pessoas convidadas e outros parênteses;
•Painel de Refs: dicas (semanais, quinzenais, não sabemos), todas juntas num email só formando um painel de boas referências.
Então vamos.
🎶 MÚSICA
Suzi Quatro não é uma referência com amplo alcance. Embora ela tenha produzido sua dose de hits desde os anos 70, está longe de podermos chamá-la de mainstream. Eis que ela segue lançando discos e em 2021 nos presenteia com um hit tão bom quanto 48 Crash. Get Outta Jail é a sexta música do álbum The Devil in Me:
Nos meus ouvidos pouco confiáveis ecoa um misto de glam com hard rock bem anos 80. Vale ressaltar duas coisas sobre a Suzi Quatro: a primeira delas é sua importância para a história do rock e seus 57 anos de carreira. Segundo, e nas próprias palavras dela:
“Antes de fazer o que fiz, não tínhamos um lugar no rock 'n' roll. Na verdade. Você teve Grace Slick e tudo mais, mas não foi o que eu fiz. Fui a primeira a ser levada a sério como uma musicista e cantora de rock 'n' roll. Isso não tinha sido feito antes. Joguei com os meninos seu próprio jogo. Para todas que vieram depois, foi um pouco mais fácil, o que é bom. Tenho orgulho disso”.
🔲 GALERIA DE INSTA
Eu não tenho estômago para lidar com o tema “masculinidade”. Embora consiga lidar bem com as previsões climáticas, sociais e ambientais de fim de mundo, masculinidade é um campo de estudo e pesquisa capaz de realmente me fazer desistir da humanidade e me enfiar num buraco em Trindade. Mas, vez ou outra, uns debates sobre masculinidades me interessam e essa galeria foi um desses debates:
É uma reflexão bastante importante sobre a hipersexualização e objetificação na publicidade, nos editoriais e nas propagandas. Tudo bem achar homem gostoso e gato, esse é um dos meus pontos fracos. O que não está tudo bem é reforçar esteriótipos de gênero, capazes de validar, direta ou indiretamente, para o sujeito e para a sociedade, pensamentos e ações machistas, sexistas, etc., e, ao mesmo tempo, “normalizar” a objetificação de seres humanos (e não-humanos). O neoliberalismo nos ensina a objetificar pessoas, logo, na era neoliberal, a narrativa de objetificação masculina não pode ser lida como um mero acaso ou coincidência, tampouco como algo positivo, uma igualdade ou justiça pelas vias da dor social coletiva.
📃 TEXTO DA SEMANA
Indo na contramão da objetificação neoliberal, bell hooks nos mostra o amor como ação. Saindo não só da mentalidade individualista e do desamor, responsáveis por dominar a narrativa contemporânea sobre o amor, hooks alça o amor a instrumento de luta contra as injustiças sociais, revela como a maior parte da sociedade não é ensinada a amar e por quê sem amor não teremos revolução. Nana Oliveira fez uma habilidosa resenha do livro Tudo Sobre o Amor, no blog da Editora Elefante:
>>> https://elefanteeditora.com.br/a-construcao-de-uma-etica-amorosa/
Recebi o livro da editora logo quando foi lançado e levei três dias de leitura. Foi rápido, fácil de compreender, mas difícil de digerir. Um pouco de sensibilidade misturado com repertório de vida faz a gente entender a teoria do amor como algo extremamente imprescindível, mas cada vez mais distante de nós. Se, por um lado, o chamado nos dá alento, por outro, ao olhar ao redor, reverbera desespero. Tá difícil camaradas, mas como a autora mesmo diz:
“É impossível deixar de reconhecer que um povo que ignora o sofrimento jamais chegará à maturidade, nunca chegará a conhecer-se pelo que é”.
Nos resta aprender a amar, amar sem medo, amar sem fim. E amar não significa, necessariamente, estar junto, vale dizer.
🐂 MELHOR ARROBA
O Leandro Barbosa é jornalista de Direitos Humanos pelo Metrópole, com contribuições para o The Intercept, El País, Agência Pública e uma série de veículos de jornalismo que a gente respeita. Aproveitando o dia do jornalista ontem, 07/04, o arroba das refs é dele: https://twitter.com/Barbosa_Leandro
🔥 NOT SAFE FOR WORK
Safadeza + arte = pode vir. Descobri recentemente o perfil @eroticwatercolor e tô gamada. Aqui vai uma amostra do que vocês vão encontrar por lá:
▶ EXTRA!
Se você não aguenta mais ouvir falar do neoliberalismo, sinto lhe dizer que estamos só começando. Esse podcast do I Hate Flash aqui, comigo, @thiagoavilabrasil e @saudementalcritica é sobre futuros possíveis, futuros desejáveis:
Não tem coletivo sem a contraconduta neoliberal. Depois do texto sobre o livro da bell hooks e o debate sobre objetificação masculina, o final é um chamado para a prática do amor para conosco e para com o outro por meio da expurgação da razão neoliberal da gente.
Inclusive, não poderia mencionar o Thiago, o amor, e a contraconduta sem mencionar a ação de despejo no DF da Escola do Cerrado e a importância da resistência das ocupações. Entre casas, camas e espaços coletivos, amar e ocupar. Está aí a deixa do nosso devir histórico.
Até a próxima,
Marina Colerato
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